quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Preciosa





Título Original: Precious: Based on the Novel Push by Sapphire
País de Origem: EUA
Ano de lançamento: 2009
Direção: Lee Daniels
Elenco:
Gabourey Sidibe
Mo'Nique
Paula Patton
Mariah Carey
Lenny Kravits


Sinopse: É a história de uma menina de 16 anos, obesa, abusada pelo pai que a engravida duas vezes, sendo que o primeiro bebê nasce com Sindrome de Down.


Minha Opinião: Uou. Fazia tempo que eu não via um filme assim, eu não tenho nem palavras pra descrever. Eu precisei ir fazer outras coisas pra distrair a mente, antes de ter coragem de vir aqui escrever.


É um filme duro, é preciso ter estômago pra aguentar. Da vontade de fingir que histórias como a dela só existem na mente de alguns artistas malucos e pervertidos. Mas infelizmente isso não é verdade e pensar que tantas meninas passam pelos abusos sexuais e psicológicos que a Precious do filme, te faz te arrepender de cada reclamação que você já fez na vida, por pior que a vida pareça em certo momentos, nada se compara a "vida" dessa menina.


Ela encara a situação de uma forma bem humana, contraditória. Ora ela sonha em ter uma vida melhor pra ela e pros filhos, em superar tudo aquilo e mostrar pro mundo que ela não é a "puta,gorda e burra" que a sua mãe diz que ela é. Em outros momentos ela explode e se revolta contra o mundo por ter que passar por tanta coisa e acha que ninguém é capaz e nem quer ajuda-la. Isso deixa o filme ainda mais comovente, afinal quem não é assim? quem não alterna esperança e pessimismo?


E envolto em toda essa camada de tragédia, o filme fala sobre preconceito, educação, sonhos, ajuda assistencial do governo. É mais que a história de uma menina pobre do Harlem, é um filme sobre a sociedade. Sobre a tonelada de problemas de verdade que existem aí fora e as vezes, trancados em nossas casas, perdidos em nossos mundos particulares, nós simplesmente esquecemos que eles existem. Esquecemos como é o mundo real. Esquecemos que lá fora, do outro lado da rua, pessoas sobrevivem sem que ninguém se importe com as suas realidades. Mas o pior, é que mesmo o que era pra ser ajuda, acaba se tornando em um problema. É difícil cuidar das pessoas tratando-as como gado, encaixando-as em categorias e decidindo quem precisa e quem merece bolsa-família, pensão, axílio isso, axílio aquilo. Só é possível ser justo entrando na vida de cada um e sabendo as suas verdadeiras intenções, ações e necessidades, porém isso é impossível. Os assistentes sociais não podem ver a vida das pessoas tão profundamente como eu vi a vida da Precious nesse filme. Isso só foi possível porque é um filme. Então qual a solução? sinceramente eu não sei, talvez não haja solução. Eu queria poder fazer alguma coisa. Fazia tempo que eu não chorava vendo um filme.


Notas de Rodapé:


1) Eu ainda estou... sem saber o que pensar. Mesmo depois de dizer tudo isso, não da pra sair da atmosfera do filme, o fato de eu estar escutando a música da Patti Labelle não ajuda, claro, mas cada vez que eu paro de fazer alguma coisa, ele volta aos meus pensamentos. Sem dúvida um dos melhores filmes que já vi.


2) A trilha sonora desse filme é fantástica, ela realmente conversa com tudo e por si só já diz muita coisa. Existem cenas fortes, mas a trilha da novos sentidos a tudo, não te deixa ser passivo, te faz pensar no meio de um turbilhão, te obriga a pensar, te da várias interpretações pra algo que, se não fosse a trilha, seria "apenas" mais um cena marcante. Eu não entendo como o Lee Jones não levou o Oscar de Melhor Direção.

3) A última música a tocar, "It Took A Long Time", da Patti Labelle é linda e casa perfeitamente com a última cena.