domingo, 20 de janeiro de 2013

As vantagens de ser invisível

Voltei só pra falar desse filme.

A história é sobre a vida de um nerd com sérios problemas de socialização e alguns traumas psicológicos que faz amigos do último ano do ensino médio.



E é um dos filmes mais lindos que eu já vi.
Fazia tempo desde a última vez que um filme quase me fez chorar tantas vezes. A história tem muito da minha vida e mesmo nas partes aonde não tem, eu de alguma forma SEI como o Charlie (protagonista) se sente, a identificação foi tão grande, que me deu vontade de escrever pela primeira vez desde abril de 2012.
Eu tive necessidade de falar sobre ele.

Cada personagem é muito bem construído e me lembra de amigos do ensino médio, principalmente dos dois primeiros anos, de todas as coisas que vivi com eles. Eu estudei com aqueles personagens e muitas vezes eu fui o Charlie. A sensação de solidão, de exclusão, a vontade de ser como algumas pessoas sem nunca chegar lá e então conhecer pessoas que não querem que você mude e então tudo fica mais fácil mesmo estando difícil.

Tem uma cena, logo no início, em que ele diz que está feliz e triste. Isso é basicamente a definição da minha vida. E uma outra, em que ele está numa festa, e fazem um brinde a ele e ele responde com:

- Eu não sabia que vocês tinham reparado em mim.

"Que dramático Gabriela, chega a ser ridículo", é o que você deve estar pensando, mas só quem tem sérios problemas de auto-estima como eu sabe o quão verdadeira essa frase pode ser e como esse brinde foi importante.
Não que ele fosse carente e precisasse de alguém dizendo que o ama o tempo todo, mas quando você vive com medo de falar com qualquer desconhecido por ter certeza que ele não vai gostar de você, esse tipo de coisa é melhor do que tudo.
É saber que sim, tem pessoas que sabem que você existe e gostam da sua presença, apesar de tudo. É não estar sozinho.

Eu sempre tive amigos, mas aí eu trocava de escola, ou de estado, e estava só novamente. Sozinha, por mais que conhecesse outras pessoas.

E a banda preferida dele é The Smiths. E a música principal do filme é Heroes, do David Bowie. Eu não teria sido capaz de escrever um filme tão sobre mim quanto esse.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Hoje é dia de estágio, bebê!

Eu não falei aqui mas passei os últimos 2 meses na lama do desemprego, procurando por um estágio, tentando de algum jeito começar a minha carreira. E eu consegui! Não é na minha área…. mas é um estágio.

Comecei hoje e dessa vez eu estava particularmente desanimada. Já tive duas experiências profissionais antes e elas não foram exatamente boas, mas era o que tinha pra ontem e de certa forma foram importantes. Uma (ou duas) experiência ruim é melhor do que experiência nenhuma.

E vicia. Quando as pessoas me diziam que depois que você começa a trabalhar não consegue mais parar eu achava que elas estavam loucas, mas agora eu concordo. Ficar sem dinheiro é trágico, sem contar que passar o dia todo em casa da uma sensação de tempo perdido sem igual, não importa o que você faça.

Mas voltando ao meu desânimo inicial, ontem a noite fiquei refletindo o porque de eu estar assim e cheguei a conclusão de que era um tipo de medo do fracasso – afinal eu andei fracassando bastante nos últimos meses. Passei 2011 construindo um castelo só pra no final do ano descobrir que ele era de areia e vê-lo desmoronar em cima de mim. Agora, em 2012, estou tendo a oportunidade de catar meus pedaços e começar tudo de novo, dessa vez sabendo aonde eu errei e tentando consertar. E consertar erros da um trabaaaalho, mudar hábitos é a coisa mais difícil que existe. Fazer algo do sei jeito é fácil, difícil é fazer esse mesmo algo de um jeito diferente sem cair nas mesmas armadilhas. Estou tentando, depois eu conto se eu consegui. Até lá, rezem por mim.

Ah, o desânimo passou, o que não significa que eu esteja nadando em euforia. Gato escaldado tem medo de água fria e dessa vez eu não estou me permitindo sonhar desvairadamente como antes, se der tudo errado eu já estarei preparada pra mais um fracasso. Se der tudo certo, será uma grata surpresa. Mantenho as esperanças mas com o pé no chão. Continuo com medo de fazer prova na faculdade, continuo com medo de largar/perder outro emprego, contudo, o medo de chegar aos 30 anos obesa, solteira e desempregada está um pouco menor agora. Obesa eu até suporto, mas solteira e desempregada é demais, acho que vou voltar na exposição Índia do CCBB só pra jogar moedas pra Ganesha e pedir um futuro menos sombrio, pobre e mal amado pra mim.

ganesha

quinta-feira, 8 de março de 2012

A anti-social

Eu estou tão entediada de tudo. Não consigo ficar mais de 5 minutos no Facebook, que tudo me enjoa. As mesmas piadas, as mesmas histórias, o mesmo tudo e nada do que me interessa está lá, se bem que nem eu sei exatamente o que está me interessando agora…

Bem, depois muito procurar finalmente achei um hobbie pra ocupar o vazio que a internet deixou em minha vida nas últimas semanas: voltei a assistir séries de TV. Foram 42 episódios de The Big Bang Theory em 3 dias (acabei a 4 e a 5 temporadas \o/) e hoje assisti toda a primeira temporada de The Walking Dead (a segunda já está sendo providenciada). Isso me deixa feliz por dois motivos: 1) achei algo pra fazer do meu tempo livre e 2) estou voltando a minha velha forma. Antigamente eu acompanhava religiosamente vários seriados, era o que poderia se chamar de nerd, mas depois parei. Fico muito feliz de recuperar essa parte de mim, que fica refletindo sobre como sobreviver a um ataque zumbi. E foram justamente os zumbis que me trouxeram aqui.

Obviamente um seriado que fala sobre o apocalipse zumbi, fala muito sobre morte. Ele é praticamente só sobre morte e sobrevivência, uma vez que zumbis são mortos-vivos e os ainda não mortos estão tentando continuar assim. E o legal disso é ficar se imaginando naquela situação, sentindo uma agonia absurda toda vez que um “andarilho” aparece com fome de carne fresca e se desesperando pra que os personagens consigam sobreviver. Mas, e agora vou contar um meio spoiler, alguns personagens decidem deixar de tentar viver em certo episódio e eu pensei comigo mesmo “por pior que fosse a situação, eu não ia ficar, eu tentaria sobreviver de qualquer maneira, e creio que eu conseguisse”. Eu sou sempre muito otimista e acho que as coisas vão dar certo, e então eu me lembrei. Eu me lembrei, pela primeira vez em muito tempo, que sim, eu vou morrer. Não importa quantas vezes eu engane a morte, não importa, uma hora eu vou morrer. E essa constatação óbvia me pegou em cheio. Eu vou morrer. Quando? pode ser agora, espero que seja daqui a 60 anos, porém, não importa, de um jeito ou de outro, eu vou morrer. Ninguém fala de morte no Facebook.
E não sou eu quem vai puxar o assunto.

Acho que estou tão perdida e ocupada tentando dar um rumo a minha vida enquanto ela ainda existe, que perdeu a graça ficar rindo de imagens engraçadinhas na já mencionada rede social. Eu quero algo mais no momento, estou me sentindo vazia. Não estou criticando ninguém em particular e muito menos no geral, só não estou com humor pro “face” agora e não vejo nenhum problema nisso. Vou continuar nas minha séries, ao menos elas me fazem sentir alguma coisa.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Cartola (1976)

“Cartola”, esse é o nome do CD mais triste que eu ouvi nos últimos tempos (não confundir com outro disco chamado “Cartola” que foi lançado em 1974). Passei a sofrer de amor mesmo sem sofrer de amor, tamanha a sinceridade, poesia e lirismo das canções.

cartolaezicacor

Tudo começa com a faixa inicial: O mundo é um moinho. É uma música sobre uma jovem suicida (“meu bem, mal começaste a conhecer a vida, já anuncias a hora da partida…”), mas ao invés de dar conselhos cheios de esperança, ele crava um refrão triste, beirando a crueldade, de maneira fria e sem medo de machucar:

“Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho.
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés”

Isso já da o tom do que vem a seguir.

A próxima música é Minha. Fala de uma mulher que nunca foi dele, de um amor falso, mentiroso, ao contrário do que diziam as cartomantes. É uma das músicas mais animadas.

Depois vem Sala de recepção, interpretada juntamente com a sambista Creusa. Fala sobre a Estação Primeira de Mangueira, escola de samba fundada com ajuda do próprio Cartola, uma comunidade pobre, sem praticamente nenhum recurso financeiro mas que mesmo assim é feliz e vê no carnaval um orgulho.

Em seguida, Não posso viver sem ela e a volta do amor não (ou mal) correspondido. Conta a história de um homem que fez tudo por uma mulher, deu tudo o que ela queria, fez do desejo dela o seu próprio desejo e mesmo assim foi abandonado. Porém, apesar de admitir que a mulher é fingida e só o faz sofrer, ele a perdoa e sonha com o dia em que ela volta pra casa. É um amor capaz de superar até a maldade da outra parte que supostamente também deveria amar.

Preciso me encontrar é a próxima faixa. Começa com uma melodia triste e ao mesmo tempo linda, se a canção toda fosse apenas essa parte, já seria fantástica. Mas Candeia resolveu compor uma letra e Cartola a interpretou belamente. Como diz o nome, é sobre estar perdido e querer se encontrar: “quero assistir ao sol nascer, a água dos rios correr, ouvir os pássaros cantar, eu quero nascer, quero viver”. Quem nunca se sentiu assim que atire a primeira pedra. Crise existencial em forma de samba.

Na sequencia ele manda Peito vazio. Uma poesia em forma de música que canta a saudade, aqui se trata de um amor, mas pra mim se encaixa em qualquer forma de saudade. Triste até não poder mais, traz um fio de esperança ao dizer “com o tempo esta imensa saudade que sinto se esvai”. Apesar de ser difícil, se tivesse que escolher a melhor faixa desse disco, escolheria essa.

Aconteceu, quem ama também tem orgulho. A amada, depois de ir embora e pisar em cima do coraçãozinho apaixonado do pobre rapaz, resolveu pedir pra voltar depois de se dar conta de tudo o que deixou pra traz. E ela ouviu um sonoro não. Adoro essa letra porque tem gente que merece. Amar é lindo, mas amar a si mesmo é essencial.

É hora do grande clássico As rosas não falam. Essa todo mundo conhece, eu acho. Tem uma das letras mais bonitas que eu já vi. Imaginar que um homem que estudou somente até o primário escreveu um negócio desses me faz perceber como eu sou incompetente e mostra o gênio com as palavras que era o Cartola.

A próxima é Sei chorar, como diz o nome, o eu-lírico continua chorando e sofrendo porque a mulher que ama está com outro, enquanto ele ainda tenta se recuperar da separação.

Ensaboa é estranha. Na verdade eu achei engraçada apesar dela falar de pobreza. O ritmo me faz pensar numa vida pacata no interior, simples, mas não simples financeiramente, simples no sentido de pacata, tranquila, onde você não precisa de um Porsche pra ser feliz. Não sei se era a intenção dele ao compor a música, mas é o que ela passa pra mim.

Aí vem Senhora tentação. Essa música me lembra a casa dos meus avós, porque toda vez que a gente vai pra lá o meu pai coloca no rádio um CD que tem ela (mas não com o Cartola, acho que ele põe a versão do Roberto Ribeiro). Ela fala sobre uma pessoa que se apaixonou e está tentando resistir a tentação, porque sabe que se amar aquela mulher irá sofrer. Apesar disso, por me lembrar a minha família, em especial o meu avô que gosta muito dela, eu fico feliz toda vez que a escuto.

Cordas de aço também fala de amor, amor ao violão. Literalmente. Afinal é através do violão que ele põe pra fora toda as suas alegrias e suas tristezas, os seus sonhos, as suas saudades, os seus planos. É pelo violão que ele se expressa e nos expressa.

Depois de escutar tudo isso, só cheguei a uma conclusão: o amor é uma merda. Só traz dor e sofrimento. É uma ilusão que nos deixa surdos, cegos e burros (como fica bem claro em Não posso viver sem ela). E ainda assim é o sentimento mais valorizado pela sociedade, as pessoas são praticamente obrigadas a casar, uma vez que a crença popular é que morrer solteiro é igual a morrer infeliz. Mas como posso eu acreditar que morrer amando é morrer feliz depois de um disco como esse?

De novo, o tempo.

Semana que vem, sexta-feira, faço 19 anos.

No entanto, fazer aniversário dessa vez não me fez pensar tanto no futuro, na verdade trouxe o passado a minha mente. E o passado vai ficando cada vez maior.

Já faz sete anos que eu saí do Rio de Janeiro rumo a Porto Alegre. SETE ANOS. Eu me lembro perfeitamente do dia em que fui embora, da minha família parada na frente da minha casa se despendido mesmo quando já estávamos dentro do carro, da minha mãe chorando, da chuva e do meu pai dizendo que quando nós fomos morar naquela cidade (eu era recém-nascida) também estava chovendo, ele disse com um sorriso nostálgico no rosto: “Itaguaí nos recebeu com chuva e se despediu com chuva.”

Então quatro anos se passaram e chegou a hora de ir embora de Porto Alegre. Também lembro do dia em que fiquei sabendo que íamos nos mudar do sul, de quando contei pros meus amigos, da colega da minha irmã chorando quando nos viu passando de carro na frente do apartamento dela e indo embora. Nesse dia fazia sol e o céu estava azul, sem uma nuvem.

E agora já faz três anos que estou em São Paulo. Estou começando o segundo ano da faculdade. Faculdade parecia uma Eldorado quando eu estava no cursinho e agora estou indo pro segundo ano. Quando foi que o tempo passou que eu não vi?

E o pior (ou melhor) é saber que ainda tem muita coisa pela frente. A minha vida mudou radicalmente nos últimos 10 anos, de uma maneira bem diferente do imaginado por mim, e sabe-se lá o que vai acontecer nos próximos 10 anos. A vida me assusta pela quantidade de passado acumulado (estou ficando velha…) e pela quantidade de futuro me aguardando (ainda sou muito jovem…).

De todos os meus medos, o futuro é o único a me deixar realmente apreensiva. Temo a morte, mas ela é inevitável, basta aceitar. Tenho fobia de cachorro, mas eles estão aí e eu tenho de me acostumar. Agora o futuro, o futuro está nas minhas mãos, na minhas ações, nas minhas decisões, e ao mesmo tempo está a mercê de coisas que simplesmente acontecem, ninguém tem domínio total sobre vida e são justamente as coisas não controláveis que na maioria das vezes nos obrigam a rever os planos.

A maioria das pessoas ao pensar aonde estarão morando daqui a 10 anos imaginam estar pelo menos na mesma cidade onde estão hoje, cultivando as mesmas amizades agora tão importantes e realizando os sonhos de agora. Pra mim isso não é tão óbvio. Eu desejo, mas não sei se comemorarei meu aniversário de 29 anos aqui em São Paulo, não sei se os meus tão estimados amigos ainda estarão perto de mim (uma já está de mudança, inclusive) ou se eu estarei perto deles. Mas eu aprendi que isso não significa um futuro de tristezas, entretanto, significa um futuro cheio de saudades. Só me resta saber de quem, da onde e do que.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Crise de identidade

Esses dias eu estava assistindo o show do Marcelo D2 no Planeta Atlântida e pra variar ele estava defendendo a maconha e aquela coisa toda. E foi aí que me ocorreu que hoje em dia os únicos que questionam a sociedade, que polemizam, que chocam, que demonstram alguma revolta são os rappers, e não mais o rock n’roll.

Quem conhece o mínimo de rock sabe que até uns 15 anos atrás rockeiros eram vistos como rebeldes, arruaceiros, um perigo a sociedade e etc. E movimentos como o punk lá dos anos 70 confirmavam isso. Moicanos, cabelos compridos, tatuagens, piercings, roupas rasgadas eram considerados agressivos e uma forma de se opor ao status quo. As letras, muitas vezes raivosas, abarrotadas de palavrões e críticas a sociedade, e não só no punk, mas no metal, rock progressivo, grunge, post-punk ,hardcore e até no sempre fanfarrão hard rock apareciam canções cheias de agonia, amargura e descontentamento com o andamento das coisas.

E hoje, em 2012? tudo o que eu vejo são letras de amor, cabelos bem cortados e roupas comportadas, enquanto os outrora “símbolos da resistência” estão na cabeça do Neymar, em roupas de grife e no corpo de patricinhas. A rebeldia virou moda e os rebeldes entraram na linha.
É claro que existem bandas no underground que ainda mantêm o espírito contestador de antes, mas eu me refiro especificamente ao mainstream. Se a gente parar pra pensar que um dia bandas como Ramones, Metallica, Black Sabbath e The Clash já estiveram no primeiro lugar das rádios e comparar com o que toca hoje, fica claro o que eu quero dizer. E eu não estou nem me referindo a qualidade das músicas em si, falo apenas da temática. Cadê as letras profundas que nos deixam pensando horas depois de a música acabar, não em um amor perdido, mas na própria vida? cadê o espírito questionador, a rebeldia do rock? parece que ficou de herança pro rap, que é o único estilo que ainda debate as mazelas da sociedade e não apenas as do coração. E mesmo quando se trata do coração, é como se a única agonia possível fosse o amor. O ser humano é muito mais complexo que isso, se preocupa com o futuro, com dinheiro, com a existência de Deus, com a morte, com as pressões do dia-a-dia entre muitas outras coisas que eu poderia passar dias citando, mas parece que os compositores atuais se esqueceram disso. E eu nem vou falar dos solos de guitarra desaparecidos, a impressão que eu tenho é que a geração atual desistiu de estudar música e ficou só no básico, mas não foi o básico do punk que tinha a ideia do faça você mesmo por trás, é um básico de “tenho preguiça de estudar” mesmo.

Já o rap nasceu como forma de contestação do preconceito contra os negros e pra dar voz a uma sociedade oprimida, e se manteve desse jeito. Concordando ou não com suas opiniões é preciso admitir que pelo menos eles têm uma opinião e muitos sabem expo-la magistralmente. É óbvio que existem aqueles que só falam de carro de mulher, mas eles convivem com o rap engajado, assim como o rock está cheio de bandas que só falavam de drogas e mulher, mas nem por isso deixaram de existir bandas politizadas.

O pop sempre foi fútil (o que não quer dizer que seja ruim) e continua sendo. O soul continua falando, bem, da alma. E o rock se perdeu no meio do caminho, espero que essa crise de identidade passe logo.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

MPB

Hoje eu me deparei com um artigo no Estadão falando sobre Caetano e Chico Buarque. “Interessante”, pensei. Cliquei no título e li o primeiro paragrafo:

“Muito tem se discutido sobre uma possível crise da canção e da própria música popular brasileira, mas penso ser esta uma avaliação apressada e o erro está na observação do problema. A música brasileira tem se renovado não mais somente pela composição, mas principalmente por meio de uma experiência coletiva nova que se dá através do acesso facilitado à tecnologia de gravação. É pelo som que a música brasileira está se transformando. Através dos trabalhos mais recentes de Chico Buarque e Caetano Veloso, vou tentar identificar traços dessa renovação e o modo como cada um vem lidando com esse problema.”

Epa, epa, epa, epa! Como assim? O colunista quer falar da renovação da música brasileira e cita como exemplo Chico e Caetano? Gosto muito do Chico Buarque e sou apaixonada pelo Caetano (nos últimos dias só deu ele no meu MP3, inclusive), mas os dois já tem mais de 40 anos de carreira(!). Por mais que a música deles esteja evoluindo, e isso é normal, principalmente quando se fala de pessoas com o talento que eles tem, renovação da música brasileira é outra coisa.

Renovar”, segundo uma das definições do dicionário, significa “1. Tornar novo; melhorar.”, e na minha concepção, se você aplicar isso a música, estaremos falando de novos sons, novas vozes, novos músicos e não de mais do mesmo. Por mais que o Brasil tenha um passado glorioso quando o assunto é arte, é preciso olhar pra frente. Como já cantava Elis Regina em Como nossos pais: o novo sempre vem. E parece que os intelectuais e críticos não conseguem perceber isso.

E eu não estou julgando a coluna em si e muito menos comparando os talentos de 1970 com os de 2012, o que eu não concordo é que passemos 40 anos seguidos esperando que uma mesma meia dúzia de artistas seja responsável por tudo o que aconteça de bom no cenário musical brasileiro. E muito menos que somente essa mesma meia dúzia seja valorizada.

Por mais que nenhum dos “novos” nomes nacionais tenha criado nada de completamente novo e original, Chico e Caetano também não criaram em seus últimos CDs, então porque eles são responsáveis pela tal renovação musical? Faça-me o favor, vamos evoluir, vamos abrir a mente, os olhos e os ouvidos e parar de achar que só os clássicos valem a pena. Tudo bem que quem não conhece o passado, não entende o presente, mas se você não viver o presente, como terá um futuro?