terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Vincent

Título Original: Vincent
País de Origem: EUA
Ano de lançamento: 1982
Direção: Tim Burton

Sinopse: Vincent Malloy é um moleque de 7 anos de idade que sonha(ou realmente pensa que é) em ser Vincent Price, um cientista maluco e atormentado pela morte da esposa.

Esse post vem acompanhado de 2 partes: o Minha opinião - sobre o filme e o Minha opinião - desabafo, porque não deu pra juntar os dois numa coisa só.

Minha opinião - Sobre o filme: Nunca fui uma daquelas adoradoras do Tim Burton, mas nesse curta de míseros 6 minutos o cara fez milagre! Tem diretor que em duas horas não consegue desenvolver uma história tão boa quanto essa. A ideia da história ser contada em forma de poesia é fantástica, deixa tudo mais bonito e me fez perceber como a língua inglesa pode ser bonita, junte isso a varias referências nerds e a gravação em preto e branco e você tem um filme transbordando charme e elegância, que conta a história super bem e ainda é bonito de se ver como arte pura mesmo, cinema parnasiano sabe? =p

Minha opinião - Desabafo: Aquela sinopse acima está muito mal feita porque não reflete tudo o que o curta oferece,o que me faz pensar nas resenhas "profissionais", de gabaritados críticos de cinema,onde a resenha vende uma coisa e na hora do filme vem outra totalmente diferente. No entanto, aqui não é lugar de discutir esse assunto,é lugar de eu dizer a minha opinião,então vamos lá. O Vincent sou eu. Ou melhor,era eu. Ele é um garoto que vive como se fosse atormentado por problemas terríveis, se afunda em uma depressão, filosofa sobre as injustiças na vida,mas nada disso é real. A mulher dele não morreu,até porque ele nunca teve uma mulher,ele tem 7 anos! Além disso, ele não mora em uma mansão abandonada,não faz experiências com seu cachorro-zumbi e não está mortalmente doente por causa dos problemas de sua alma solitária e mal-compreendida. Eu costumava ser assim há uns tempos atrás. Fingia pra mim mesma que a minha vida era um daqueles dramas dignos de grandes gênios da arte e que eu jamais seria feliz devido as pertubações da minha caotica alma. Mentira. Eu não era e nem nunca fui tímida ao extremo, meus pais são ótimos, tinha um garoto que me trollava no colégio mas nada que pudesse ser chamado de um bullying daqueles traumáticos. E assim como o Vincent,que inspira a sua vida imaginária em contos do Edgar Allan Poe,eu também procurava na arte os meus problemas. Adorava histórias tristes e bizarras(continuo gostando,só que agora por motivos diferentes) para poder simular uma identificação. Agora,o que leva alguém a querer ter uma vida trágica eu não sei, ainda não descobri. Atrair pena e atenção dos outros não é, já que eu nunca dividi esse meu lado Vincent Malloy com ninguém. Eu sempre fui meio dramática, estilo novela mexicana, exagerada, adoro fazer tempestade em copo d'agua e hoje eu vejo que eu fazia tempestades em copos d'agua que não eram meus.

Notas de rodapé:

1) Vincent Price realmente existiu e influenciou muito a carreira de Tim Burton, mas na vida real ele era um ator de filmes de terror.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Um dia de cão


Eu nem ia escrever,mas eu vou. Um dia de cão,apesar do péssimo nome,é um dos melhores filmes que já vi na vida! Mas antes, a sinopse:
Em agosto de 1972 um assalto em um banco no Brooklyn chama a atenção da mídia e transforma-se em um show com uma enorme audiência. Era um roubo que teoricamente duraria apenas dez minutos, mas após várias horas os assaltantes estavam ainda cercados com reféns dentro do banco. Sonny (Al Pacino), o líder dos assaltantes, planejou conseguir dinheiro para Leon (Chris Sarandon), seu amante homossexual, fazer uma cirurgia de mudança de sexo. Enquanto tudo se desenrola a multidão apóia e aplaude as declarações de Sonny e fica contrária ao comportamento da polícia.(sim,eu a roubei do Adoro Cinema)
Eu já era apaixonada pelo Al Pacino,admito,no entanto,digamos que esse filme "reacendeu a chama"(ui!).
Mas o que tem de tão bom nesse filme Gabriela? TUDO! Primeiramente é engraçado pra caramba e tem um dos protagonistas mais carismáticos do cinema. O cara rouba um banco e não tem como ficar contra ele. Segundamente, que interpretação é essa Al Pacino?? Tem uma cena onde ele está todo suado e leva as mão à cabeça,essa cena dura alguns segundos mas resume o quão estressante é assaltar um banco e manter reféns: há o medo de morrer,de tudo dar errado,uma vontade de não estar ali,de fugir,tudo misturado com uma agonia e um calor desgraçado. Tudo isso em um rosto suado! Da onde Deus tirou um homem assim? hein?
Eu nem ia escrever nada sobre esse filme porque eu achava que não era necessário, que nunca esqueceria o que ele me fez sentir quando o vi pela primeira vez,mas eu li por aí que até o mais belo pensamento pode ser esquecido se não escrito,então aqui está. Mais tarde,quando a empolgação passar,eu faço uma resenha descente.

I can dim the lights and sing you songs full of sad things...

Schopenhauer,o dono do cabelo mais sexy da filosofia,costumava dizer que, na hierarquia das artes, a música ficava em primeiro lugar. E olha que ele nunca ouviu Good Old-Fashioned Lover Boy!
Essa música é o que há de mais fofo e fantástico na discografia do Queen. A linha de piano é linda,o baixo - como sempre - é apaixonante e o solo do Brian May é tão delicado e forte ao mesmo tempo,cheio de efeitos e variações. E é claro que eu não posso deixar de citar a interpretação do meu deuso Freddie Mercury,é incrível como esse cara cantava bem! O trecho que vai dos 0:51 que começa com "Tell me how..." e vai até os 1:03,junto do trecho que começa aos 1:44 e acaba no solo de guitarra,são algumas das passagens mais belas que eu já ouvi. A interpretação do Freddie(e do Roger!) ao lado dos backing-vocals é,ao mesmo tempo,dotada de uma qualidade técnica e artística absurda. O jeito como as palavras são pronunciadas é indescritível,tanto no vocal principal como no de apoio,que é outra marca registrada do Queen: os melhores backing-vocals do rock.
É até estranho como uma música tão simples pode ser tão boa,tão bem feita. Ela não é nenhum grande sucesso,não consta nas listas das músicas mais influentes do mundo,não é nem uma das mais ouvidas no Last.fm da banda,e isso é até compreensível já que ela não tem a pretensão de se tornar um hino das massas. É apenas uma música singela(onde até as partes mais "ousadas" da letra reforçam o tom de inocência) falando sobre um rapaz apaixonado. Mais simples e mais bem feita impossível.


Pra quem não conhece,não perca tempo: http://www.youtube.com/watch?v=hkr9V41_e40

The Little Matchgirl



Título Original: The Little Matchgirl
País de Origem: EUA
Ano de Lançamento: 2006
Direção: Roger Allers

Sinopse: Trata-se de um curta baseado na obra de mesmo nome de Hans Christian Andersen. É a história de uma menininha que é obrigada pelo pai a vender fósforos na noite de Natal e conforme a noite avança, ela começa a imaginar a vida dos seus sonhos.

Minha opinião: Curta curtinho(haha) mas lindo e que me fez ter quase que uma epifania sobre a minha vida. Claro que um acontecimento anterior já tinha plantado alguns pensamentos na minha cabeça mas esse filme fez emergir tudo de uma vez. Apesar de se tratar de uma história infantil é muito mais profundo que certos filmes metidos a intelectuais que andei vendo por aí, e isso torna tudo mais bonito. Nós geralmente subestimamos as crianças(eu mesma fazia isso até umas horas atrás),achando que elas não tem capacidade de entender certas coisas, mas o Hans Christian Andersen teve sensibilidade pra perceber que não é bem assim e soube falar sobre pobreza, desigualdade, egoísmo e indiferença de uma maneira que tantos os pequenos quantos os grandes podem gostar e esse filme,que tem uma trilha sonora fantástica criada pela banda Sigur Rós, soube transmitir bem essa mensagem.

2 ou 3 Choses Que Je Sais D’elle




2 ou 3 coisas que eu sei sobre ela: um dos piores filmes que eu ja vi, que teve a honra de entrar pro meu Top 10 Filmes Mais Chatos de Todos os Tempos,cujo primeiro lugar é ocupado pelo péssimo Do Começo ao Fim(que também ocupa o 1 lugar do Top 10 Mais Mal Feitos graças aquela esquecível cena do tango e aos pais tarados).

Mas Gabriela,é chato por que? porque os questionamentos que o filme traz são… infantis. Ok,tem um diálogo ou outro que são realmente bons e fazem pensar, mas no geral o filme lembra a mente de uma pessoa de 13 anos e passar 1h23min ouvindo a mente de um adolescente de 13 anos é realmente insuportável. Outra coisa que me irritou muito foi a narradora, que narrou o filme inteiro sussurrando e cara,falar sussurrando é algo que realmente me irrita. Muito.

Ah, e tem outra coisa: achei a última cena, a dos produtos na grama, extremamente amadora. É,eu sei, parece arrogante da minha parte dizer isso, já que eu não entendo muita coisa da “parte técnica” do cinema, mas sinceramente, até eu seria capaz de pensar naquilo e eu mudaria de ideia uns 30 segundos depois, porque a ideia é péssima.

Kamchatka




Título Original: Kamchatka
País de Origem: Argentina
Ano de lançamento: 2002
Direção: Marcelo Piñeyro
Elenco:
Ricardo Darín
Cecilia Roth
Héctor Alterio
Matías del Pozo
Milton de la Canal

Sinopse: Uma família, durante a ditadura militar argentina autodenominada Processo de Reorganização Nacional(1976-1983), decide se esconder em uma casa distante da cidade depois que o sócio de David Vicente(Ricardo Darín) é preso pelos militares. A história é contada do ponto de vista de Harry(Matías del Pozo),um menino de 10 anos, que percebe tudo o que está acontecendo por meio da ficção,como a série de TV “Los Invasores”,um livro sobre Houdini e o jogo de estratégia TEG.

Minha opinião: Lindo. Esta é a palavra que define esse filme. Longe de ser uma aula de história ou política,ele não tenta explicar o que foi a ditadura militar,como ela aconteceu e nem porque. Ele simplesmente retrata a tentativa de uma família de sobreviver ilesa a perseguição por parte de militares e a percepção do filho mais velho,”Harry”, a respeito dos acontecimentos. Os pensamentos do menino são explicitados através de metáforas, como o livro sobre Houdini, a série de TV e o que o mais gostei: o jogo TEG,que é um jogo muito,mas muito parecido com o War,de longe o meu jogo de tabuleiro preferido. Quem já jogou War tem uma identificação muito maior com a história, mesmo nunca tendo vivido em uma ditadura(meu caso), a mensagem do filme fica muito mais clara. E a mensagem é uma só: Resista! Lute! Nunca deixe que roubem a sua liberdade mesmo que pra isso sejam necessários muitos sacrifícios. O final do filme não é feliz,é real,mostra o que passam todos os que não aceitam guela abaixo os mandos e os desmandos de governos ilegítimos, mas isso não deve ser encarado como um motivo de resignação, para aceitar calado qualquer imposição e sim uma lembrança de que a liberdade é o bem mais precioso que existe e não há no mundo nada que justifique o seu fim.

Notas de rodapé:

1)Tem uma cena do filme onde o David Vicente coloca um vinil do Erasmo Carlos pra tocar e todo mundo começa a dançar “O Calhambeque” e eu fiquei toda boba. Toda vez que eu vejo um filme estrangeiro e toca uma música brasileira e fico assim,toda orgulhozinha da nossa cultura. Que besteira.

2)Depois dessa cena, toca uma música chamada Son Tus Perjumenes Mujer que eu achei genial e não sai mais da minha cabeça: http://www.youtube.com/watch?v=w7Tw0w9_cAI&feature=related
“(…) Podemos considerar o mundo fenomênico, ou a natureza, e a música, como duas expressões diferentes da mesma coisa… A música é, portanto, se considerada expressão do mundo, uma linguagem universal em sumo grau… Difere de todas as outras artes por não ser cópia do fenômeno… Mas cópia da própria vontade…”
- by Schops