domingo, 31 de julho de 2011

Pra não dizer que não falei das flores…

Certa vez eu escrevi em algum lugar que estou sempre com uma quedinha por alguém, e isso é verdade, vira e mexe eu acho um ser “casável” andando por aí.
Também já confessei a T. que, apesar de nunca ter me apaixonado perdidamente por alguém, paixonites fazem parte da minha realidade. Vira e mexe eu acho um ser mais “casável” do que a média.

Mas dessa vez é diferente. Dessa vez eu não preciso mudar, ou fingir, ou sonhar pra achar que tenho uma chance. Eu fui simplesmente eu e foi o suficiente. Como eu disse a T., ele sou eu de calças. Eu entendo as referências, as citações, as piadinhas,  porque elas fazem parte do meu dia-a-dia. Podemos ser amigos para o resto da vida.

Claro que as paixonites e quedinhas continuam, só no meu trabalho tem dois altamente interessantes. No entanto, eles são só diversão. Com o outro é mais sério porque é possível. E foi espontâneo, ninguém precisou me dizer ou insinuar que nós nos daríamos bem juntos pra que eu chegasse a essa conclusão, não foi induzido, foi natural.
Eu tenho a sensação de que podemos conversar horas e horas e horas sem parar. Mas tenho medo de me empolgar demais e acabar misturando as coisas.

É estranho, tenho que esperar pra ver o que acontece. A pressa é inimiga da razão e me jogar num mar de falsos sentimentos não vai me servir pra nada e talvez me faça perder uma possível grande amizade. De novo.

Ah, mas como eu quero…

The lunatic is in my head.

Pink Floyd é tão bom que me emociona. Eu estava ouvindo o Dark Side of the Moon e é incrível pensar que seres humanos criaram aquilo, que fomos tão longe.

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Pare e escute este álbum com atenção, perceba o clima, a magia, por trás dele. Os teclados do Rick Wright dão um tom único, que eu nunca mais achei em álbum nenhum. Um clima quase circense, que leva a alma pra longe, faz viajar, flutuar, é uma sensação tão única quanto indescritível o que esse CD faz comigo.

Não é um álbum que eu escuto todo dia, a qualquer hora, porque ele não é apenas um conjunto de músicas legais, ele é todo um momento de 42 minutos e 30 segundos que merece ser vivido com atenção. A dor, o desespero, a loucura nele contida é um soco no estômago.

Eu tive um professor de literatura que dizia que quem não conhecia Florbela Espanca ainda não viveu. E eu digo que quem nunca ouviu The Dark Side of the Moon ainda não sabe o que é viver. Porque isso é genial, isso foi um grupo de caras indo além, se superando e criando algo que nem eles mesmo deviam imaginar o quão grande é.

A sequência Time/The Great Gig in the Sky é de uma sensibilidade gigante e ao mesmo tempo é um grito (literalmente) de socorro. Enquanto na primeira música se constata todo o tempo e a vida jogada fora por nada, na segunda isso tudo explode, é como se o personagem principal entrasse em surto ao perceber o vazio de tudo o que vive e tentasse colocar isso pra fora gritando, berrando, se libertando. E aí vem o dinheiro, o mesmo dinheiro que me deixa feliz por ter uma caneca do Calvin e que destrói nações inteiras. O dinheiro que move a sociedade. E tudo isso eclode em Any Colour You Like e vai desembocar em Brain Damage/Eclipse, ou seja, na loucura, na esquizofrenia, na alienação da mente em relação a realidade. Seria esse o nosso futuro? se desligar da realidade pra não ver o absurdo que ela é? Não sei, mas dói pensar que vivo em um mundo assim. Dói pensar na minha própria vida porque me faz pensar no meu futuro e eu tenho medo dele. Medo de me tornar tudo o que não quero pelas “obrigações” da vida, de postergar os meus sonhos por causa de trabalho, filhos, casamento e acabar não vivendo. E então é hora de ouvir Time de novo.

É um luxo meu amor!

Esses dias eu estava pensando: como eu fico feliz com pequenas bobagens (ou pequenos luxos).

Tem duas coisas que me deixam feliz pelo simples fato de que eu as possuo, e não é um carro 0km ou um colar de diamante, é a minha caneca do Calvin & Haroldo e o meu cartão de memória de 8 GB. Como é bom ter uma caneca do Calvin e um cartão de 8 GB!

Eu me sinto bem só de pensar nesses dois objetos. Só de imaginar que eu posso colocar trocentos CDs no meu celular sem me preocupar com a memória meu dia se alegra. E pensar nisso bebendo qualquer coisa na minha caneca deixa tudo ainda mais bonito.

Parece besteira, eu sei. Parece materialismo, eu sei. Mas eu tenho um apego desgraçado a esses dois objetos. T. sabe o quanto eu sou fã de Calvin & Haroldo e ter um pedacinho deles comigo me faz bem, apesar de eu já ter a caneca a um bom tempo, ainda fico toda boba ao olhar pra ela e ver como é linda, sem contar que eu sonho em ter algo deles há tempos e ela é a realização desse sonho. Eu tenho orgulho dela! (Comunistas entram em desespero após constatar o meu grau de apego a um simples bem material neste momento).

E o cartão de memória me faz feliz porque ele carrega outras coisas que me fazem feliz: minhas músicas! minhas amadas músicas! Nem preciso explicar porque gosto tanto dele.

E esses são os meus dois grandes pequenos luxos. As duas besteiras que fazem o meu dia mais ensolarado. Por mais que eu seja contra qualquer tipo de apego a objetos e marcas, um pouquinho de materialismo não faz mal a ninguém.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Freud explica?

Esses dias eu vi “Na natureza selvagem”, um filmaço dirigido pelo Sean Pean e estrelado por Emile Hirsch.

Ele conta a história de Christopher McCandless, um garoto que após se formar na faculdade larga tudo para ir em uma viagem rumo ao Alaska. Ele vai sem dinheiro, sem mapa e sem planos, apenas com vontade de se isolar do mundo e conhecer a si próprio.

O filme é cheio de frases filosóficas sobre a vida, a sociedade, o sistema. Sobre como as pessoas mentem, mudam por dinheiro, vivem farsas só para parecem bem para os vizinhos.

E isso me lembra da novela O Astro, onde o personagem filho de Salomão Hayala, um empresário podre de rico, fez um belo discurso sobre tudo o que eu disse acima e também saiu de casa para viver uma vida mais simples, com felicidades verdadeiras, não sujeitas a quanto dinheiro ele tem no bolso.

E essas duas histórias tem algo mais em comum: ambos os personagens se sentem maltratados pelos pais. Sentem falta de carinho, de atenção. Presenciaram brigas na infância, o pai maltratando a mãe, que ora batia de volta, ora se deixava subjugar pelo esposo. Ambos tinham muito dinheiro e tudo para se tornarem grandes empresários e levarem a vida dos sonhos de todo mundo, mas preferiram abrir mão disso tudo por algo maior: a verdade.

Muitas histórias de rebeldia existem por aí, principalmente no mundo da arte. E quantos músicos, escritores, artistas plásticos, filósofos e revolucionários não tiveram uma juventude conturbada?

E tudo isso me levar a pensar o seguinte: no final das contas, é tudo culpa dos nossos pais? A rebeldia dos dois personagens que citei não era contra o “sistema”, o “capitalismo” ou a “sociedade”, como eles dizem ser. A rebeldia deles nasceu do sentimento de rejeição de seus pais, da raiva pelo comportamento agressivo, frio, de quem os devia proteger e cuidar. E esse padrão se repete em várias histórias de pessoas que largaram tudo para viver de uma maneira diferente.

Uns não tiveram pai, e se sentem abandonados, outros foram abusados, agredidos, mal amados.

Então qual é a realidade dessa pose revolucionária, se, na verdade, se trata apenas de uma questão particular, de amor paterno? será que Christopher McCandless teria saído de casa se tivesse uma família bem estruturada? será que Janis Joplin cantaria com a emoção que cantou se tivesse recebido a atenção que queria de seus pais? será que Salvador Dalí seria tão “excêntrico” se não tivesse passado toda a sua infância sendo comparado a um irmão, de mesmo nome, morto antes dele nascer? Ou será que todas essas pessoas já nasceram com algo dentro delas, que , independentemente do tratamento que tivessem, uma hora teriam saído do ninho para se jogar no mundo? Difícil dizer.

Certa vez estava conversando com T. e ela disse que achava que seus pais a haviam influenciado muito pouco. Eu não a conheci na infância e não tenho como saber. E também acho muito simplista resumir tudo o que somos na vida a problemas na infância. Mas acho que a influencia desses eventos pode ser muito maior do que eu costumava imaginar.

Live and let live

Eu não acredito no “pra sempre”. Acho muito romântico, muito utópico, muito… ingênuo.

Eu realmente queria manter alguns amigos, gostos, hábitos, sentimentos, manias e amores pra sempre. E tem coisas que eu posso sentir no fundo do meu coração que nunca vão mudar, mas não acho justo comigo mesma me iludir assim.

As coisas mudam, as pessoas mudam, nada é estático, sempre igual. Contatos se perdem, afinidades somem e de repente nada mais resta daquilo que parecia eterno.

Acho mais honesto viver o presente, amar com todas as forças agora, do que ficar sonhando com um futuro onde tudo será igual. Porque não será.

Daqui a vinte anos eu serei diferente, não outra pessoa, mas diferente. E aqueles a minha volta também se transformarão. Eu realmente desejo que certas pessoas estejam comigo pra sempre, no entanto, o meu senso de realidade me obriga a ser mais ponderada, menos empolgada. A aceitar, sem pensar que é traição, que quando não há mais prazer em ficar junto (seja com uma pessoa ou uma música) é porque é hora de se separar e manter apenas uma linda lembrança do que passou. Porque memórias não sustentam o presente, só romantizam o passado.

Claro que certas coisas acabam durando uma vida inteira, no entanto, hoje, aos 18 anos, eu não posso dizer nem com 0,1% de certeza o que ainda fará parte da minha vida aos 81. Nem imaginar é possível. Vai ver é por isso que eu tenho uma vontade gigante de ver o futuro, de saber como tudo será. Eu não faço planos de como pretendo estar, apenas quero saber como vou estar. E como quem eu amo hoje estará. Quero assistir as grandes novidades do momento se tornarem peças de museu e rir das previsões futuristas da primeira década do século XXI.

Eu aceito a mudança do tempo e da vida. Nunca vou deixar de pensar com carinho naqueles que ficarem para trás e terei orgulho daqueles que se manterem comigo. Mas é preciso ter em mente que viver e deixar viver também é uma prova de amor.

“Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de se aventurar…”
A Maçã, de Raul Seixas com adaptações minhas.

sábado, 16 de julho de 2011

Arte.

Vez outra aparece em algum jornal, revista ou programa de TV uma daquelas matérias perguntando se “grafite é arte?” e qual a diferença entre grafite e pichação. Eu acho que todas elas chovem no molhado, são sempre exatamente iguais e tentam convencer as pessoas de que grafite é arte e pichação é vandalismo. Mas a arte não precisa ser ensinada, as pessoas não precisam ser convencidas de que algo é bonito para apreciar. Elas precisam simplesmente ver, e está pra existir um tipo de arte mais visível que o grafite.

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Assim como as antigas esculturas e quadros, lá da idade média, cuja maioria dos autores é desconhecida até hoje, a maioria dos grafiteiros são desconhecidos do público em geral e na maioria das vezes as obras são assinadas com nomes artísticos que nada tem a ver com o nome verdadeiro do artista e o rosto de todos eles continua desconhecido, isso quando quem assina a obra não é um coletivo. E o valor financeiro da maioria das obras é nulo, afinal está na rua, não da pra colocar em exposição numa galeria de arte onde a meia entrada custa R$ 100. Não da pra vender para um milionário pendurar na parede e usar como forma de auto-exaltação.

Claro que vez ou outra alguém simplesmente arranca o pedaço do muro para vender, como fazem com algumas obras do Banksy. Mas o fazem sem nenhumano-future-capa autorização e contra a vontade do autor, que no caso do Banksy, deve sentir uma frustração absurda, afinal a obra dele vai justamente contra essa sociedade capitalista e que só pensa em dinheiro. Pagar milhões em uma obra dele – leia-se um pedaço de muro arrancado de alguma parte do mundo – , como fez a Angelina Jolie por exemplo, é só uma prova de que ela não entendeu absolutamente nada do que ele queria dizer.

Mas casos como esses são raros, a maioria dos grafites fica na rua mesmo, pra018 qualquer um ver, parar, fotografar, ou pintar de branco. E tirando um ou outro que consegue viver dessa arte, como osgemeos (descobri há 2 minutos que se escreve assim mesmo, junto e em letra minúscula), a maioria permanece vivendo de luz enquanto deixa mais bonita as ruas das cidades.

 

os gemeos portugal

Voltando ao primeiro parágrafo, o grafite é democrático porque é acessível a qualquer um, basta olhar e ver. E qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade entende que aquilo é arte. Não precisa de explicação, não precisa de justificativa, é arte e ponto.

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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Tempo, tempo, tempo…

Hoje, pela enésima vez, fui eu andando para a biblioteca do Carandiru, mas dessa vez sem a T. (estou te devendo um post, eu sei, mas relaxa que eu um dia ele sai), na verdade encontrei uma amiga dos tempos do ensino médio que eu não via ao vivo há quase 2 anos. E foi um passeio bem singelo.

Tudo começou na quinta-feira, com uma vontade repentina de comer no Subway. Depois de ser tristemente ignorada por todos no Facebook, a M. respondeu e nós marcamos de ir até o Subway hoje. Assim, de repente, espontaneamente.

E fomos até lá comer e colocar a conversa em dia e, como sempre, arrumei uma desculpa pra ir no Carandiru. E lá ficamos, junto com um outro amigo dela que eu não conhecia, um cabeludo nerd meio chileno muito gente boa, das 17h até 22h30. E só fomos embora porque o frio estava insuportável.

Mas o que me levou a escrever esse post é que ainda me surpreendo em como o tempo passa rápido quando se está com alguém de quem se gosta. Quando a companhia é boa, ficar 5 horas sentada num banco de praça sem beber e nem comer nada, só falando besteira e piadinhas toscas, é algo que passa num piscar de olhos. E que da saudades.

M. vai viajar para o país S. (onde ela nasceu, diga-se de passagem) e lá ficará por pelo menos 1 ano. Quando nós ficamos quase 2 anos sem se ver estava “tudo bem”, afinal eu sabia que ela estava por aqui e a qualquer momento poderíamos nos trombar por aí, agora, ela estando em outro continente isso se torna um “pouquinho” mais difícil de acontecer. Estou com saudade por antecipação, mas sei que é o melhor pra ela, estou feliz por isso.

Porque os bons sempre acabam indo pra longe?

terça-feira, 5 de julho de 2011

Tenho, pelo menos, uns 3 posts na cabeça pra por aqui. E preguiça o suficiente pra não escrever nenhum deles.