segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

The Queen Bitch

 

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David Bowie! Amo esse homem. Canta bem, fala bem, atua bem, é lindo, é fofo, ri igual criança, até pra escolher uma esposa ele fez direito: a Iman é a cara dele (não no sentido de parecida, e sim no de combinar. É melhor deixar claro...). E mesmo a Angela era perfeita pros tempos de Ziggy Stardust.

Mas eu não estou aqui pra falar de suas mulheres. Estou aqui pra falar sobre ele.

The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars

 

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Taí um CD que eu posso chamar de perfeito. Não tem uma música nele que seja ruim. The Rise and Fall of... conta a história de um alienígena (o Ziggy) que veio pra salvar o planeta Terra que acabará em 5 anos, porém a fama o desvirtua de suas intenções e ele acaba cometendo suicídio. Que outro CD tem um tema tão legal assim? Eu não sei como ninguém gravou um filme disso ainda (ou gravou?). E tão genial quanto o conceito são as musicas em si. Não da pra não gostar, são tristes, dançantes, desesperadas, apaixonadas, é lindo. Sem contar que essa é uma das fases mais legais do Bowie. Figurinos tão caprichados quanto estranhos, shows performáticos, com direito a mímica, coreografias e simulação de sexo oral na guitarra do Mick Ronson. E ainda tem o visual, com os cabelos bem vermelhos, a maquiagem pesada e a ausência de sobrancelhas.  

Fortemente recomendado pros não iniciados na música do Camaleão.

 

Apesar de estar escrito “Ziggy Stardust” o nome da música é “Moonage Daydream”

Hunky Dory

 

hunky

Quase tão bom quanto o The Rise..., tem dois dos grandes clássicos de sua carreira: Changes e Life on Mars?. No entanto, todas as outras músicas são ótimas, não da vontade de pular nenhuma e a melhor, sem dúvida, é Queen Bitch, que conta a história de uma Drag Queen. E esse é um dos motivos de eu gostar tanto do Bowie, ele não tem medo de falar sobre absolutamente nada, não existe tabu pra esse moço e por isso ele é tão importante pra música: se hoje (e por "hoje" eu quero dizer desde os anos 80) os músicos tem liberdade pra se vestir, portar e cantar da maneira que quiserem é graças ao pioneirismo dele. Independentemente do gosto duvidoso de alguns de seus figurinos, eles foram parte de uma revolução no mundinho da música. Se no início o rock n'roll era formado por meninos arrumadinhos e comportados (Beatles, Beach Boys, Hollies...), e depois foi dominado por meninos malvados e cabeludos (Beatles de novo, Rolling Stones, Led Zeppelin...), foi o Bowie quem chutou o pau da barraca e mostrou que no mundo do rock tem espaço pra todo mundo, desde a androginia do Ziggy (o que o tornou o maior nome do Glam Rock) até a classe do Thin White Duke, passando pela fase pop dos anos 80. E na música propriamente dita, é difícil falar em um ritmo que ele não tenha tocado - seu apelido de camaleão do rock não foi dado por acaso - rock, pop, soul, disco, eletrônica, instrumental, experimental, ele fez de tudo um pouco e tudo muito bem. E influenciou uma enormidade de gente em todos esses estilos. Se hoje o seu ídolo se veste de carne, Pato Donald, usa sutiãs cônicos, se canta sobre sexo, drogas, rock’n’roll, o preço da fama, a decadência das grandes estrelas, a decadência da sociedade, se pode se assumir homo ou bissexual, se pode causar sem medo de ser feliz, não tenha dúvidas: o caminho que eles trilham em boa parte foi o Bowie quem pavimentou. 

Na música, no cinema, na moda, o mundo como o conhecemos seria um tanto diferente sem David Bowie. Bem mais sem-graça.

 

Low

 

low

 

Low é o primeiro disco da chamada Trilogia de Berlim, que não é nada mais do que três CD's gravados em Berlim (duh!) e que estão entre os mais influentes de sua carreira. Apesar disso, os seus tempos em Berlim não foram dos melhores. Usando mais drogas do que nunca, obcecado em pintura e Krautrock, David viajou rumo a Europa, passando um tempo na Suíça e depois se estabelecendo em Berlim pra poder ficar mais perto da onda de arte moderna que tomava conta da região. Mas ele não foi sozinho, contou a ajuda de Brian Eno na produção e dividia apartamento com o Iggy Pop, que tinha acabado de conhecer. Entre um disco e outro, Bowie também ajudava Iggy: contribuiu com letras e melodias pra dois discos: Lust for Life e The Idiot. Foram esses lançamentos que tiraram Iggy do ostracismo. 

Enquanto isso, eles usavam todas as substâncias lícitas e ilícitas imagináveis. Mas como ninguém consegue viver desse jeito por muito tempo, a parceria Bowie-Pop-Eno acabou no fim da década de 70.

Voltando ao Low, é um disco difícil. Cheio de experimentalismo devido a uma forte influência do rock industrial alemão, contém as suas primeiras músicas instrumentais. Admito que eu mesma ainda não o digeri totalmente, tem coisa ali que ainda não desceu direito, mas aos poucos eu vou me rendendo. Sabe aquele som que te conquista com o tempo? esse é tom geral de Low.

Fortemente não-recomendado aos não iniciados na música do Camaleão.

 

Linhas gerais

Isso foi só uma amostra do que é David Bowie. Uma pequena parte da grande história desse cara que é um dos meus maiores ídolos.

Se hoje as pessoas se chocam com a Lady Gaga, eu imagino o barulho que ele não fez nos anos 70. Pena ter muita gente, e eu não me refiro só aos jovens, que parece não saber disso. Que acha que tudo o que existe hoje surgiu do nada, era uma vez um mundo vazio e BUM: surgiu Lady Gaga. Não tenho nada contra a moça, bem que faltava alguém pra colocar pimenta nesses tempos politicamente corretos no qual vivemos. Sem dúvidas ele vai entrar pra história assim como Madonna. O que me revolta, no entanto, é ver gente por aí achando que ela é original do início ao fim. Não queridos, ela merece o mérito pela coragem de ser estranha, mas a estranheza foi inventada muito antes e por muita gente. David Bowie foi só uma dessas pessoas. E na minha opinião, a melhor de todas.