terça-feira, 17 de maio de 2011

Abaixo ao sistema!

Hoje passei por uma situação onde meu lado preocupado com a humanidade teve que se manifestar, mas antes, uma introdução:

Em transportes públicos, apesar de proibido, é normal ver pessoas vendendo doces, balas e chocolates ou simplesmente pedindo dinheiro. Eles sempre começam com aquele papo de que tem que sustentar mils pessoas, e podiam estar matando, roubando etc. Eu muito raramente compro alguma coisa, pois sempre desconfio. Lá no fundo sempre sinto que sim, ele poderia estar em um trabalho “comum” e não está porque não quer ou que aquele dinheiro não vai servir para compra comida, e sim qualquer outras coisa mais relaxante e proibida. Pode ser preconceito da minha parte, tenho noção disso, mas sempre desconfio e por isso nunca compro ou dou dinheiro.

Introdução feita, voltemos ao dia de hoje:

Estava eu, dentro do ônibus, depois de um saudável almoço no McDonald’s a caminho do trabalho, quando de repente entrou um moço e começou a vender chocolate. Minha reação inicial, quando ele terminou de falar e nos abençoar e foi recolher os chocolates ou o dinheiro de quem ia comprar, foi devolver o chocolate ao moço. E então pensei: porque não arruma um emprego? até eu arrumei. Pode não ser um sonho, mas pelo menos não to em casa coçando. E então me veio a cabeça que eu sou jovem e faço faculdade, aquele cara devia ter uns 40 anos e sabe-se lá até que ano estudou, é possível que nem o fundamental tenha terminado. Que tipo de emprego um cara assim consegue? alguma porcaria que não deve pagar nem um salário mínimo direito. E quem me garante que ele não trabalha a noite e faz aquilo para complementar a renda? é muito fácil julgar os outros quando não se está na pele deles. E sinceramente, desculpem-me o clichê, mas sim, ele poderia estar matando, poderia estar roubando. Entrar em um ônibus com uma faca e roubar a carteira de alguém é muito mais simples do que vender chocolate. E mais rentável também.

E, poxa, na última sexta-feira eu não tive dó em pagar uma quantidade razoável de dinheiro em um celular cujo valor não vai fazer a menor diferença na vida dos donos da Samsung. Minutos antes não tive dó em gastar R$ 10,00 em um lanche que vale no máximo R$ 5,00, em uma empresa multinacional que tem um lucro absurdo. E ali, naquela hora, eu ia ficar pensando se devia ou não gastar R$ 1,00 para ajudar alguém que realmente precisa daquele dinheiro? Eu nunca parei para me perguntar se devo mesmo patrocinar uma rede de fast food que paga uma salário miserável para os seus funcionários. Eu não faço a menor ideia das condições de vida das pessoas que montaram o meu celular. Nunca julguei nada disso, porque agora eu iria julgar alguém que eu mal conheço para saber se ele realmente merece ganhar UM REAL?

Chamei o moço e comprei o chocolate. Pode ser que aquele R$ 1,00 vire uma garrafa de cachaça. Ou pode ser que vire o pão que os filhos dele vão comer no  café da manhã. Nunca vou saber disso. Mas não é justo não ter pena de encher de Whisky o copo de quem já é rico e ficar de frescurite na hora de ajudar quem realmente precisa.

Não sou daquelas radicais que acha profundamente errado comprar algo dos grandes conglomerados, aqueles “opressores das massas”, no entanto, não custa nada prestar um pouco de atenção naqueles ao nosso lado.