terça-feira, 19 de abril de 2011

Salve o rei!

No último final de semana aconteceu a Virada Cultural em São Paulo, aquele evento legalz, onde durante 28 horas seguidas (das 14h do sábado às 18h do domingo) acontecem shows e apresentações artísticas em várias partes da cidade. Até aí, tudo muito bom, tudo muito bem. E é aí que começa a história.

Quinta-feira, eu e L. combinamos de ir no cinema no domingo, só que na quarta eu tinha combinado de ir assistir Frejat com a T. na virada. Só lembrei desse fato na sexta, comuniquei L. e pensamos em adiantar pro sábado a noite, porém como eu saio do trabalho às 20h, só ia poder encontrar o ser às 21h e até chegar no cinema, ver o filme e voltar pra casa já seria pra lá de 00h00, eu disse “não, vamos chegar muito tarde, é perigoso, vamos deixar pro feriado”, em outras palavras: fui responsável. Mas a história não acaba aí.

No sábado, às 18h, teria um show da Rita Lee no centro e eu, que adoooro a Rita, estava me corroendo de vontade de ir, implorei pro meu chefe me deixar sair mais cedo, mas nada feito. Ia sair no mesmo horário de sempre, 2h depois do show. Fiquei puta. E o sábado chegou.

Sábado, passo o caminho inteiro pensando se devo ou não faltar no serviço para ver o show, mais uma vez a responsabilidade fala mais alto e eu decido não faltar. E aí fui pra S., passei o dia inteiro sem fazer NADA no e-mail e me revoltei mais com a vida, até que na hora de embora decidi: a responsabilidade que vá pro inferno!

No Sesc Santana, muito perto da minha casa, ia ter um show de disco e Black music anos 70 e eu queria ver. E eu fui, chamei T. mas ela estava morrendo e não pode ir, e eu fui assim mesmo. Cheguei lá quase 22h e estava tocando um monte de música gay disco, e eu dancei, fiz passinho, descobri que não tenho coordenação motora para mover os braços e os pés ao mesmo tempo de maneira normal e resolvi entrar numa fila qualquer, quando cheguei lá a moça me disse que ia ter um show do Gerson King Combo. Eu só ouvi o nome desse cara uma vez na vida, no Jô Soares e ainda mudei de canal, ou seja, não fazia a menor ideia de quem ele era. E resolvi entrar no show mesmo assim. E essa foi a melhor decisão do dia.

O show do Gerson King Combo foi uma das melhores coisas que eu já vi na vida! Dancei descoordenadamente o tempo todo, eu nem sabia que o Brasil produzia um soul/black tão bem feito assim! O pessoal não parecia muito animado, mas eu, um garoto com uma camisa do Chile que não parava de gritar “salve o rei”, uma ruiva bêbada e uma mulher de branco não paramos de dançar o show inteiro, porque aquilo sim toca na alma.

gerson_king_combo_atualmente

E isso me fez refletir sobre como música é uma coisa foda, mesmo quando você não conhece, se ela boa, te tira do seu estado normal, te faz viajar, te faz bem. E não é preciso tomar nenhuma droga (legal ou não) pra isso, ela sozinha já faz o trabalho. Por isso que pra mim esse povo que toma rebite pra ir em rave, cerveja pra ir no pagode, whisky pra ir em show de rock, não gosta de música de verdade, quem gosta, quem sente, não precisa de nada além dela para atingir todos os estados mentais possíveis, pra se divertir, pra viver aquele momento. Música é mais do que suficiente. Ou então eu sou muito louca (acho que não).

E depois desse momento transcendental com o rei do funk n’ soul brasileiro, entrou um tal de Hyldon, o autor de Na rua, na chuva, na fazenda. O show dele foi legal também, mas nada que se compare ao King. E era aniversário do Hyldon, cantei parabéns, foi divertido.

Também vale registrar que, antes, na pista normal, e durante o show do King, eu dancei do lado dos covers do Village People. Quase me joguei no colo do pedreiro *.*

E depois de dançar música gay disco, que eu adooooro, ao lado do índio do Village, depois dançar soul no show do Gerson e cantar Na rua, na chuva, na fazenda, com o compositor, tudo sozinha, eu voltei pra casa. A 1h30 da madrugada. Sozinha. Sendo que eu tinha dito ao meu pai que chegava lá pelas 23h. Nunca fiz isso na vida, mandei a responsabilidade pra puta que a pariu. Hell yeah! E cheguei em casa dolorida e acabada, porém não derrotada!

 

(continua)