sábado, 5 de março de 2011

Geração 2.0

Hoje eu estava lendo a revista Piauí e me deparei com um texto de uma contemporânea do Mark Zuckerberg, ela também estudava em Harvard nos tempos em que ele fundou o Facebook. E eis que em certo momento ela diz o seguinte:

“(a atual geração) passou dez anos sendo criticada por não ter produzido o tipo certo de artes plásticas, literatura, música ou ação política. Entretanto, no fim das contas, os meninos mais brilhantes da geração vinham desenvolvendo outra coisa absolutamente extraordinária: a criação de todo um mundo.”

Eu sempre discordei da visão que nós mesmos temos dos jovens. Nós nos vemos como seres apáticos, apolíticos, inúteis, drogados, mimados e – no caso das meninas – grávidas já aos 16 anos. E a realidade está muito longe disso.

Toda geração é criticada pela anterior e vista com bons olhos pela próxima. Quem protestava pelo fim da Guerra do Vietnã ou pelo fim da ditadura no Brasil, era visto como vagabundo por seus pais, esses sim, os bastiões da moralidade e dos bons costumes. Hoje nós vemos esses “vagabundos” como politizados, responsáveis socialmente pela construção de um mundo diferente (que nem é tão diferente assim), além de serem ótimos artistas, afinal, não se faz mais música como antigamente né?

Não tenho a menor dúvida de que, quando nós nos tornarmos pais, e os nossos filhos se tornarem adolescentes, nós também jogaremos na cara deles o quão inúteis eles são, como a música atual é ruim, o cinema sem qualidade e a literatura totalmente entregue as moscas. E que nós, a “Geração 2.0”, somos responsáveis pela Terceira Revolução Industrial. Mudamos a forma como o planeta se comunica, pensa e vive. Como nós mudamos a história do mundo. Como nós criamos coisas revolucionárias e construímos um mundo diferente (que no final das contas nem será tão diferente assim). Só que enquanto isso não acontece, continuaremos sendo xingados pela nossa “apagada” passagem pela Terra.

Cada época e lugar tem a juventude que precisa. Quando o clima é de guerra, ela luta pela paz. Quando é de repressão, luta pela liberdade. Só que quando nós já temos uma relativa paz e não somos presos por falar mal do Governo, sobra tempo livre pra se preocupar com coisas “menos relevantes”, a famosa falta do que fazer, e é em momentos assim que a sociedade avança filosoficamente, tecnologicamente, politicamente e socialmente. É em momentos assim que temos tempo pra nos voltar para as nossas próprias vidas e a nossa própria sociedade e tentar mudar o que está errado internamente, tempo de se preocupar em salvar a Amazônia, de se preocupar com a legalização ou não do aborto, do casamento gay, da eutanásia, tempo pra se preocupar em questionar a nossa própria existência. E tempo dos nerds sentarem na frente do computador 17 horas por dia e criar o aquilo que preenche boa parte do nosso tempo sem nem nos darmos conta. E nem nos darmos crédito.