sábado, 4 de fevereiro de 2012

MPB

Hoje eu me deparei com um artigo no Estadão falando sobre Caetano e Chico Buarque. “Interessante”, pensei. Cliquei no título e li o primeiro paragrafo:

“Muito tem se discutido sobre uma possível crise da canção e da própria música popular brasileira, mas penso ser esta uma avaliação apressada e o erro está na observação do problema. A música brasileira tem se renovado não mais somente pela composição, mas principalmente por meio de uma experiência coletiva nova que se dá através do acesso facilitado à tecnologia de gravação. É pelo som que a música brasileira está se transformando. Através dos trabalhos mais recentes de Chico Buarque e Caetano Veloso, vou tentar identificar traços dessa renovação e o modo como cada um vem lidando com esse problema.”

Epa, epa, epa, epa! Como assim? O colunista quer falar da renovação da música brasileira e cita como exemplo Chico e Caetano? Gosto muito do Chico Buarque e sou apaixonada pelo Caetano (nos últimos dias só deu ele no meu MP3, inclusive), mas os dois já tem mais de 40 anos de carreira(!). Por mais que a música deles esteja evoluindo, e isso é normal, principalmente quando se fala de pessoas com o talento que eles tem, renovação da música brasileira é outra coisa.

Renovar”, segundo uma das definições do dicionário, significa “1. Tornar novo; melhorar.”, e na minha concepção, se você aplicar isso a música, estaremos falando de novos sons, novas vozes, novos músicos e não de mais do mesmo. Por mais que o Brasil tenha um passado glorioso quando o assunto é arte, é preciso olhar pra frente. Como já cantava Elis Regina em Como nossos pais: o novo sempre vem. E parece que os intelectuais e críticos não conseguem perceber isso.

E eu não estou julgando a coluna em si e muito menos comparando os talentos de 1970 com os de 2012, o que eu não concordo é que passemos 40 anos seguidos esperando que uma mesma meia dúzia de artistas seja responsável por tudo o que aconteça de bom no cenário musical brasileiro. E muito menos que somente essa mesma meia dúzia seja valorizada.

Por mais que nenhum dos “novos” nomes nacionais tenha criado nada de completamente novo e original, Chico e Caetano também não criaram em seus últimos CDs, então porque eles são responsáveis pela tal renovação musical? Faça-me o favor, vamos evoluir, vamos abrir a mente, os olhos e os ouvidos e parar de achar que só os clássicos valem a pena. Tudo bem que quem não conhece o passado, não entende o presente, mas se você não viver o presente, como terá um futuro?