quarta-feira, 20 de julho de 2011

Freud explica?

Esses dias eu vi “Na natureza selvagem”, um filmaço dirigido pelo Sean Pean e estrelado por Emile Hirsch.

Ele conta a história de Christopher McCandless, um garoto que após se formar na faculdade larga tudo para ir em uma viagem rumo ao Alaska. Ele vai sem dinheiro, sem mapa e sem planos, apenas com vontade de se isolar do mundo e conhecer a si próprio.

O filme é cheio de frases filosóficas sobre a vida, a sociedade, o sistema. Sobre como as pessoas mentem, mudam por dinheiro, vivem farsas só para parecem bem para os vizinhos.

E isso me lembra da novela O Astro, onde o personagem filho de Salomão Hayala, um empresário podre de rico, fez um belo discurso sobre tudo o que eu disse acima e também saiu de casa para viver uma vida mais simples, com felicidades verdadeiras, não sujeitas a quanto dinheiro ele tem no bolso.

E essas duas histórias tem algo mais em comum: ambos os personagens se sentem maltratados pelos pais. Sentem falta de carinho, de atenção. Presenciaram brigas na infância, o pai maltratando a mãe, que ora batia de volta, ora se deixava subjugar pelo esposo. Ambos tinham muito dinheiro e tudo para se tornarem grandes empresários e levarem a vida dos sonhos de todo mundo, mas preferiram abrir mão disso tudo por algo maior: a verdade.

Muitas histórias de rebeldia existem por aí, principalmente no mundo da arte. E quantos músicos, escritores, artistas plásticos, filósofos e revolucionários não tiveram uma juventude conturbada?

E tudo isso me levar a pensar o seguinte: no final das contas, é tudo culpa dos nossos pais? A rebeldia dos dois personagens que citei não era contra o “sistema”, o “capitalismo” ou a “sociedade”, como eles dizem ser. A rebeldia deles nasceu do sentimento de rejeição de seus pais, da raiva pelo comportamento agressivo, frio, de quem os devia proteger e cuidar. E esse padrão se repete em várias histórias de pessoas que largaram tudo para viver de uma maneira diferente.

Uns não tiveram pai, e se sentem abandonados, outros foram abusados, agredidos, mal amados.

Então qual é a realidade dessa pose revolucionária, se, na verdade, se trata apenas de uma questão particular, de amor paterno? será que Christopher McCandless teria saído de casa se tivesse uma família bem estruturada? será que Janis Joplin cantaria com a emoção que cantou se tivesse recebido a atenção que queria de seus pais? será que Salvador Dalí seria tão “excêntrico” se não tivesse passado toda a sua infância sendo comparado a um irmão, de mesmo nome, morto antes dele nascer? Ou será que todas essas pessoas já nasceram com algo dentro delas, que , independentemente do tratamento que tivessem, uma hora teriam saído do ninho para se jogar no mundo? Difícil dizer.

Certa vez estava conversando com T. e ela disse que achava que seus pais a haviam influenciado muito pouco. Eu não a conheci na infância e não tenho como saber. E também acho muito simplista resumir tudo o que somos na vida a problemas na infância. Mas acho que a influencia desses eventos pode ser muito maior do que eu costumava imaginar.