segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O fim.

Hoje eu descobri que estou na última encarnação. Segundo os “especialistas”, peixes, o meu signo, é o da última reencarnação, quem está nele não encarna mais. Depois de 11 vidas passeando pelo mundo, chegou a última, chegou a vez de se despedir e ir embora.

Eu nunca fui mística e nunca acreditei em signos, nem mesmo quando eu era criança. Sempre fui muito incrédula a respeito de tudo e continuo não acreditando no poder dos astros de influenciar a minha vida e personalidade, no entanto, essa história de última encarnação mexeu comigo.

A visão racional e materialista da vida diz que nós só temos uma e devemos aproveitá-la ao máximo, porque depois da morte não vem nem inferno nem paraíso, vem o fim eterno. Eu já estou mais do que acostumada com essa visão e concordo que devemos valorizar essa existência, afinal ninguém garante que teremos outras, isso não me incomoda em nada. Porém, saber que mesmo na visão mística e espiritual da vida eu não terei outra chance de voltar é um pouco… angustiante.

Eu posso optar tanto pelo ateísmo quanto pelo misticismo que estarei no fim, é a minha última oportunidade de viver como eu realmente quero. Isso liberta e ao mesmo tempo assusta.

De certa forma eu sempre fui meio “anárquica”, quando criança eu jogava futebol na rua com os meninos mesmo sabendo que o resto do bairro me achava lésbica por isso. Na escola eu matei um milhão de aulas que não me interessavam e nunca faltei nas que gostava. Há dois meses eu larguei meu emprego – de uma forma um tanto quanto dramática - porque não gostava do que eu fazia. Mas eu seria hipócrita se dissesse que não me arrependo de nada, como já falei nesse blog algumas vezes, eu me arrependo muito de não ter dito a algumas pessoas o valor que elas têm ou de ter fugido de alguma situação por covardia. E justamente por isso, a cada dia, eu reforço mais em mim o pensamento de que não há nada no mundo que tenha o valor do meu tempo. Não tem dinheiro que compre uma tarde de sábado ou imagem a zelar que valha abrir mão de fazer o que gosto.

Tudo isso pode parecer meio hedonista e individualista e é mesmo. Claro que eu me preocupo com o futuro da humanidade e com os diversos problemas do mundo, mas no âmbito pessoal eu me preocupo com a minha vida e a cada dia tento diminuir um pouco mais a preocupação que eu tenho com a opinião dos outros, preocupação essa que não me impede de fazer o que quero mas as vezes faz sofrer.

E isso tudo me faz lembrar do Steve Jobs. Não, eu nunca fui fã dele e nem tenho nenhum produto da Apple. O que eu sabia de sua vida era apenas que ele fundou a Apple e tinha pais adotivos. E quando ele morreu eu achei chato, mas nada que tenha me abalado emocionalmente, entretanto, teve uma coisa que me chamou a atenção: a paz com que ele aparenta ter ido embora. Lendo seus discursos, ele parecia encarar a morte de uma maneira realista e de ter aceitado numa boa que uma hora teria de partir. Ele viveu, fez o que tinha de fazer e foi embora tranquilamente. Como eu vi em um filme ontem, a vida é uma montanha-russa e nós podemos aproveitar a viagem, ou nos desesperar a cada descida. O Steve Jobs parece ter aproveitado a viagem dele, eu quero aproveitar a minha. Afinal, com ou sem esoterismo, essa é a minha última volta.